Uma das certezas que a pandemia da Covid-19 trouxe para as empresas foi a necessidade de repensar os espaços de trabalho. No mercado imobiliário, discutimos muitas vezes neste período o futuro dos escritórios, mas o que se viu foi uma crescente análise de ocupações, o que levou companhias a se mudarem para outros endereços ou optarem pela devolução de parte de seus espaços. A equação “custo x uso real” tem se mostrado cada vez mais fundamental.
Depois de quase um ano olhando para os próprios números, a maioria das empresas já tem condições de tomar decisões acertadas e seguras no que diz respeito ao tamanho, à localidade e à função de seus escritórios. Se não tem, deveria correr para ter, porque essa é a hora ideal para colocar os planos de readequação em prática.
A variável crucial é o tempo. Mesmo que haja clareza das necessidades da empresa, não é rápido encontrar o local ideal para uma mudança, negociar as condições e cláusulas de um contrato, realizar as reformas e efetivamente ocupar. Em geral, estamos falando de seis meses com time debruçado no projeto, pensando desde a desmobilização do escritório atual até o dia em que os colaboradores possam ocupar suas novas posições.
Falando especificamente da desmobilização, estamos percebendo o aumento de proprietários que têm aceitado receber os espaços devolvidos ainda mobiliados. A prática mais comum antes da pandemia era exigir a devolução nos mesmos padrões da entrega. Agora, dispor de um mobiliário novo e moderno pode ajudar a atrair novos ocupantes.
Nesse caso, ganha a empresa que abriu mão do espaço, já que terá menor custo na hora da devolução, ganha o proprietário, que fica com um espaço planejado e de alta qualidade, e ganha também o novo locatário, que terá economia no custo de mudança e precisará de menos tempo para ocupar o novo escritório.
No primeiro trimestre de 2021, já vimos o volume de transações aumentar e notamos que a busca por bons espaços se intensificou. As empresas estão conscientes de seus ativos e, neste momento, agem para colocar o planejamento em prática. Novamente, olhando para o processo de locações, devemos ter um aumento no número de transações até o final do ano.
Essa maturidade do mercado prova que as decisões de real estate passaram a ter uma posição ainda mais estratégica dentro das empresas. Além de custo e localização, ficou claro que as facilidades e as oportunidades que os escritórios oferecem para atrair colaboradores são aspectos imprescindíveis, assim como a flexibilidade das empresas de se adaptarem aos desafios sempre que for necessário.
*Yara Matsuyama é diretora da Divisão de Escritórios da JLL.
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